Professores estaduais do Paraná aprovam greve pelo não retorno às aulas em 2020

#pratodosverem: notícia: Professores estaduais do Paraná aprovam greve pelo não retorno às aulas em 2020. Na foto, uma sala de aula vazia. Cores na imagem: verde, branco, azul, laranja e verde.
Foto: Albari Rosa

Professores e funcionários da rede estadual de ensino decidiram, em votação online neste sábado (12), que não retornarão para aulas presenciais em 2020. Em assembleia promovida pela APP-Sindicado, os servidores aprovaram a greve contra a retomada das aulas presenciais durante a pandemia do novo coronavírus. Nesta semana o secretário de educação do Paraná Renato Feder afirmou que o retorno só irá acontecer quando médicos e infectologistas o recomendarem.

Para o professor Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato, a paralisação será desencadeada caso o governo do Paraná decida pelo retorno às aulas ainda em 2020. “A categoria está mobilizada e não aceitará qualquer imposição que coloque em risco à vida tanto dos estudantes e seus familiares, quanto dos profissionais que trabalham nas escolas”, disse Leão.

Além do não retorno das aulas em 2020, os professores ligados à APP aprovaram um calendário de mobilizações que tratam das condições de trabalho dos servidores. “Vamos reforçar nossa resistência, especialmente neste momento complexo em que os governos têm promovido uma política de precarização da educação pública e de retirada de direitos da nossa categoria”, relatou a secretária de Finanças da APP-Sindicato, professora Walkiria Olegário Mazeto.

30% no grupo de risco

Além da preocupação com os alunos e seus familiares, a saúde dos professores também precisa entrar nesta discussão sobre o retorno às aulas. No Paraná um o levantamento indicou que 30% dos docentes estão no grupo de risco. A Seed elaborou uma pesquisa online para ouvir pais e responsáveis pelos alunos da rede estadual de ensino sobre a volta das aulas presenciais nas escolas. A grande proporção de professores em grupo de risco e que não poderão retornar às escolas fez com que estados e municípios iniciassem a contratação de novos docentes de forma emergencial ou por concursos públicos realizados anteriormente.

E aí, Seed?

Em nota a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEED-PR) disse estranhar o posicionamento da APP-Sindicato em decretar antecipadamente uma greve sob alegação de provável retorno às aulas presenciais. “Causa surpresa a atitude unilateral do sindicato, pois a Seed tem mantido diálogo aberto e transparente com os dirigentes da APP. Os representantes da Secretaria da Educação têm reforçado nas diversas reuniões com os sindicalistas que caberá aos profissionais da Secretaria de Estado da Saúde definir provável a data do retorno às aulas presenciais, cujo protocolo sanitário é considerado um dos mais bem estruturados, seguros e rígidos do Brasil”, disse a Seed em nota enviada à Tribuna.

Disponível em: Tribuna do Paraná. Em 13 de setembro de 2020. Acesso em: 14 de setembro de 2020.

Paraná freia avanço do coronavírus e índice de transmissão já está em 0,89

#pratodosverem: notícia: Paraná freia avanço do coronavírus e índice de transmissão já está em 0,89. Na imagem, um centro de tratamento do coronavírus. Cores na imagem: branco, azul, amarelo, vermelho, verde e amarelo.

O Paraná superou, na última terça-feira, a marca de 3 mil mortes pela Covid-19. O número já coloca a epidemia causada pelo novo coronavírus como a principal causa de morte no estado no ano. Mas o tempo que o estado levou para chegar a esse quadro indica, ao menos, que a transmissibilidade do coronavírus no Paraná está perdendo velocidade. Há uma semana, o estado mantém seu índice de retransmissão abaixo de 1 – o que indica diminuição no número de novos casos e óbitos diários.

O número de óbitos por Covid-19 no Paraná demorou mais de um mês (32 dias) para dobrar de 1500 para 3 mil. Comparado com o tempo que se levou para chegar da milésima morte para a morte número 2 mil (pois a transmissão do vírus se dá por progressão geométrica), houve uma desaceleração de dez dias na velocidade de duplicação. De mil para 2 mil mortes passaram-se 22 dias no Paraná.

A desaceleração da curva de crescimento da Covid-19 no Paraná também se reflete na taxa de retransmissão do coronavírus (Rt). O acompanhamento diário do Departamento de Estatística da Universidade Federal do Paraná em parceria com a epidemiologia do Hospital de Clínicas mostra que o índice de retransmissão vem caindo desde o dia 07 de agosto, quando estava em 1,16. E, a partir do dia 18, o índice mantém-se abaixo de 1,0, o que significa que um caso confirmado de Covid-19 está originando menos do que um novo caso, indicando a diminuição no número de novos casos diários. O Rt atual está em 0,89.

O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde mostra que o estado vem registrando queda no número de mortes há duas semanas. Depois de atingir o recorde de 352 mortes na semana entre 02 e 08 de agosto, o estado teve 309 mortes entre 09 e 15 e 231 mortes (número que ainda pode subir por conta de registros atrasados) na semana passada.

A desaceleração nos óbitos por Covid-19 fica clara na análise da média móvel de mortes diárias pela doença, a divisão por sete da soma de mortes dos últimos sete dias, que resulta em uma média diária, contornando eventuais variações de datas de notificação. Com pequenas oscilações, a média móvel de mortes diárias teve constante crescimento até o dia 4 de agosto, quando atingiu seu maior número, 54,7 mortes por dia. Desde então, a média vem caindo e, na última terça-feira, estava em 39,1. Nem mesmo o recorde de mortes registradas em um único dia no estado, as 80 do último dia 20 alterou a tendência de queda da média móvel de óbitos.

“É uma nova etapa, e o desafio, agora, é nos mantermos assim”

O infectologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida, do Serviço de Epidemiologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, reconhece que o cenário atual é de otimismo. “Os dados demonstram isso. A expectativa é que ocorra queda no número de casos e no número de óbitos. Mas é importante destacar que esse é um cenário de momento. A manutenção da queda depende diretamente da manutenção do R abaixo de 1,0. Temos exemplos de países e, até, estados do Brasil que, depois de um pequeno ciclo de queda, voltaram a uma tendência de alta. Temos que evitar que isso aconteça, a guerra não está superada. Chegamos a uma etapa desejável, que é o ciclo descendente da doença, agora, o próximo desafio, é se manter neste patamar”, analisa.

Para o médico, os motivos que fizeram o estado chegar a esse patamar são mistos. “As forças que influenciam a taxa de transmissibilidade são várias. Uma delas não é algo que não é para ficarmos feliz, que é a proporção de pessoas imunes porque já tiveram contato com a doença. Já estamos com cerca de 10% da população de Curitiba com anticorpos, por exemplo. Isso torna mais difícil o vírus se disseminar. As outras forças são o distanciamento social, o uso de máscara a lavagem de mãos e a adaptação dos ambientes”, explica, destacando a importância de se manter esse comportamento preventivo. “Estamos longe de pensar em voltar ao velho normal, temos que nos manter nesta nova realidade. A sociedade conseguiu se adaptar, de uma certa forma, e temos que manter essa adaptação por enquanto. Só podemos voltar a pensar em normalidade completa quando conseguirmos imunizar a maior parte da população com a vacina”, conclui.

Disponível em: Gazeta do Povo. Em: 26 de agosto de 2020. Acesso em: 27 de agosto de 2020.


Desemprego e desalento avançam no Paraná enquanto renda despenca em meio à pandemia

#pratodosverem: notícia: Desemprego e desalento avançam no Paraná enquanto renda despenca em meio à pandemia. Na foto uma carteira de trabalha sendo carimbada. Cores na foto: azul, preto, branco.

Como era de se esperar, a crise causada pelo novo coronavírus atingiu em cheio o mercado de trabalho no Paraná, fazendo aumentar o número de desempregados e de desalentados (pessoas que até já desistiram de encontrar uma colocação) no estado. Além disso, também foi registrada uma queda expressiva nas horas trabalhadas e na renda da população ocupada, sendo que 320 mil trabalhadores paranaenses foram afastados do trabalho que tinham e ficaram sem renda em maio.

Os dados acima listados – e que serão detalhados na sequência – fazem parte da PNAD COVID19, estudo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mês de referência é maio, sendo que a divulgação da pesquisa acontece mensalmente.

No último mês, 62,8% dos paranaenses (5,86 milhões de pessoas) faziam parte da força de trabalho, ou seja, estavam ocupados ou então buscando alguma colocação no mercado de trabalho. A taxa de desemprego, contudo, chegou a 10%, o que significa que um em cada dez trabalhadores paranaenses estava sem emprego, totalizando um contingente de 585 mil desocupados.

Entre a população ocupada, 711 mil estavam afastadas de seus empregos, a maior parte delas (541 mil) em decorrência da necessidade de distanciamento social. Além disso, 320 mil desses trabalhadores ficaram sem remuneração em maio, ou seja, não receberam salário por estarem afastadas. Já entre os que não foram afastados da profissão que exercem, 490 mil estão atuando de forma remota.

Além dos afastamentos, também foi notada uma redução significativa no número médio de horas trabalhadas e no rendimento médio recebido pelos trabalhadores. Antes da pandemia, os paranaenses dedicavam cerca de 40,3 horas por semana ao trabalho. Depois, esse número passou para 31,5, o que significa uma queda de 27,9%. E isso acabou também impactando na renda da população ocupada, que passou de R$ 2.528 para R$ 2.126 (variação de -18,91%). Além disso, um terço da população ocupada (33,4% dos trabalhadores) tiveram rendimento efetivo menor que o normalmente recebido.

Entre os não ocupados, chama a atenção o avanço do desalento, ou seja, da falta de perspectiva em conseguir uma colocação, um emprego. Prova disso é que 414 mil pessoas teriam não procurado um trabalho por conta da pandemia ou por falta de trabalho na localidade onde vive. Nesse sentido, cabe ressaltar a importância do auxílio emergencial neste momento: 31,3% dos domicílios no Paraná tem alguma pessoa recebendo o valor pago mensalmente pelo governo federal, sendo que a média do rendimento proveniente deste auxílio é de R$ 774 nos domicílios.

Ao todo, 7,8% da população tinha sintomas de síndrome gripal
Além das questões sobre emprego e renda, os entrevistados pela PNAD COVID19 em maio também responderam se, na semana anterior a entrevista, algum deles apresentou: febre; tosse; dor de garganta; dificuldade de respirar; dor de cabeça; dor no peito; náusea; nariz entupido ou escorrendo; fadiga; dor nos olhos; perda de cheiro ou de sabor; e dor muscular. Os sintomas foram informados pelo morador e não se pressupõe a existência de um diagnóstico médico.

No Paraná, a estimativa é que 7,8% da população (898 mil pessoas) tenham apresentado algum dos sintomas listados acima, sendo que 64 mil apresentaram sintomas conjugados. Considerando ainda o total de pessoas com sintomas, 147 mil buscaram atendimento nalgum estabelecimento de saúde.

Em todo o país, os estados com mais pessoas apresentando sintomas de síndromes gripais foram Amapá (26,6%), Pará (21,3%), Amazonas (18,9%), Ceará (16,5%) e Maranhão (15,1%). Na outra ponta, os estados com menos pessoas apresentando esses sintomas foram Mato Grosso (5,4%), Piauí (5,6%), Mato Grosso do Sul (5,9%), Rio Grande do Norte (7,3%) e Goiás (7,5%) – o Paraná aparece em seguida.

A crise do coronavírus e o mercado de trabalho no Paraná

(dados do mês de maio)

  • Um em cada 10 paranaenses na força de trabalho está sem emprego
  • 320 mil paranaenses afastados do trabalho e que ficaram sem renda
  • Um terço (1/3) dos domicílios do estado tem alguma pessoa recebendo auxílio emergencial
  • 490 mil pessoas trabalhando de forma remota
  • 10,2% dos trabalhadores ocupados (541 mil pessoas) foram afastados do trabalho devido ao distanciamento social
  • Número médio de horas trabalhadas caiu de 40,3 para 31,5
  • 33,4% da população ocupada teve queda no rendimento
  • Rendimento médio das pessoas ocupadas caiu de R$ 2.528 para R$ 2.126

Disponível em: Bem Paraná. Em: 24 de junho de 2020. Acesso em: 26 de agosto de 2020.