A rede de Zuckerberg classificou de forma equivocada uma opinião e crítica, o que é permitido na Constituição brasileira, como fake news. Os desembargadores do Paraná por unanimidade deram ganha de causa ao jornalista Oswaldo Eustáquio e a multa do Facebook pode ser majorada para R$ 1 milhão.
O Tribunal de Justiça do Paraná manteve a decisão do juízo de primeira instância que determinou que o Facebook Brasil devolva a página Força Brasil de 1 milhão de seguidores comandada pelos jornalistas conservadores Oswaldo Eustáquio e Hugo Alves. Durante o período eleitoral, Eustáquio promovia live assistidas simultaneamente por mais de 20 mil pessoas com o objetivo de combater as mentiras contra Jair Bolsonaro promovidas pela grande mídia. Na decisão os desembargadores também mantiveram a multa de cerca de R$ 300 mil imposta a rede de Zuckerberg. O acordão pode ser consultado na página do TJPR sob número: 0021856-38.2019.8.16.0000.
O Facebook Brasil descumpriu a decisão liminar da juíza de primeira instância Maria Silva Cartaxo Luiz, da terceira vara cível de Curitiba que havia determinado ainda em 2019, a devolução da página aos jornalistas e recebeu uma resposta incrível da juíza. “Entretanto, sendo o polo passivo composto por empresa de porte mundial cujo CEO é a 5ª pessoa mais rica do mundo, evidentemente inválido o requerimento de determinação de efeito suspensivo aos embargos, haja vista que multa diária de R$ 500 não demonstra risco ao patrimônio bilionário da empresa. A priori, destaco que não foi o dispositivo da decisão tempestivamente pela requerida, visto que não noticiado até o presente momento o restabelecimento da rede social do autor. Portanto, deve multa de R$ 500 ser aplicada em relação aos dias de descumprimento. Sem prejuízo à multa devida, conforme já exposto, deve ser majorada a fim de compelir o réu ao cumprimento da determinação anteriormente exarada. Isto posto, com fulcro no art. 537, § 1°, I do CPC, determino que a empresa Facebook Brasil restabeleça a página/perfil do autor, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, sob pena de multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), limitada por ora a multa à monta de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais)”, disse a magistrada em despacho.
Considerado um dos principais jornalistas investigativos do Brasil, Oswaldo Eustáquio começou a ser perseguido pelo Facebook depois que o jornalista se posicionou a favor de Jair Bolsonaro. De lá pra cá, a rede de Zuckrberg não diminuiu o alcance da página do jornalista que conta com pouco mais de 21 mil seguidores. Mesmo assim, suas postagens tem tido em alguns casos mais de 60 mil compartilhamentos, tendo mais alcance que todas as matérias de grandes jornais juntos. Mesmo com alcance reduzido, as pessoas tem buscado reportagens de Eustáquio que tem dado voz junto com outros meios conservadores ao presidente Jair Bolsonaro. A decisão do Tribunal de Justiça do Paraná, confirmou a sentença da juíza foi unânime, 3×0. O desembargador relator Joscelito Giovani Cé em seu voto disse que a liberdade de expressão é um direito constitucionalmente garantido, não sendo admitido em nosso ordenamento jurídico a realização da censura prévia (CF, IX do art. 5°). O voto do relator foi acompanhado pelos desembargadores Rogério Etzel e Priscilla Placha Sá.
De acordo com o jornalista Oswaldo Eustáquio esta ação representa um marco jurídico sobre as redes sociais do pais e no mundo. “O Facebook tem sido uma ferramente de censura no Brasil. Tanto de forma prévia, conforme decisão judicial, mas também quando a rede social utiliza agências de checagem que tem interesses políticos classificando sem nenhum critério de fake news quando as matérias afetam os interesses ligados a esquerda no Brasil. Tanto que um dos repórteres da agência Aos Fatos, parceira do Facebook foi repórter do site The Intercept Brasil que chegou a acusar o Ministro Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato de crimes que jamais cometeram, aliás, ao contrário, essas ações salvaram o Brasil da corrupção”, disse Eustáquio.
O Facebook pode recorrer ao STJ. Caso a decisão seja mantida e o Facebook continue não cumprindo as decisões da justiça brasileira, o diretor do Facebook Brasil pode ser preso por desobediência judicial após trânsito em julgado.
Disponível em: Agora Paraná em 09 de abril de 2020. Acesso em: 09 de abril de 2020.